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Há muitas formas de qualificar uma obra literária, e a primeira delas é a da sua perenidade. Tal marca é fruto do corpo da obra e compreende dois pontos: a elaboração estilística, com a elevação da escrita à mais alta qualidade literária; e a profundidade com que o autor aborda os temas escolhidos. Auta de Souza e a sua obra - Horto à frente - são perenes a partir dessas duas razões e os muitos estudos feitos sobre a autora e a sua poesia referendam essa permanência a partir também do detalhamento sobre o seu fazer literário, sem falar na interpretação do tanto e do quanto ela disse com os seus versos. 

Para que tudo isso seja lido, visto e revisto, nada mais importante do que a consulta à obra original, essa manifestação primal, revelação da motivação anímica do artista, sua expressão mais abrangente exatamente por trazer o seu grito único, a mensagem nua, vestida apenas dos sentimentos que quis apresentar ao mundo. Eis o primeiro grande valor desta edição do Horto visto neste estudo primoroso de Carlos Castim e de Fábio Fidelis. 

Para fixar o valor deste trabalho ressalto a ideia dos autores em resgatar o texto original e, em seguida, os seus comentários agudos, que destrincham as perdas provocadas ao livro da poeta macaibense pelas deturpações cometidas nas edições seguintes à primeira. Daqui para a frente, a imortalidade de Auta de Souza está estendida - ouso dizer: até referendada - pelo trabalho dos dois estudiosos ao reeditarem a versão original de Horto e ao enriquecê-la com esse estudo agudo no olhar e minucioso no fazer. Creio que Auta agradece.

Sinopse

O Horto refloresce em plena primavera de 2021, quando se celebra simbolicamente os 120 anos de morte de Auta de Souza, a maior poetisa norte-riograndense desde o século XIX. Negra, mulher, literariamente autodidata, Auta ocupa uma posição singular no panorama poético das letras nacionais, consolidando um estilo livre, riquíssimo em sentimentos e profundamente identificado com a alma do povo mais simples. 

Diferente de todas as edições do Horto lançadas a partir de 1910, este livro é um marco divisor de águas que irá permitır uma nova leitura sobre a obra poética autaniana que, após a morte da poetisa em 1901, sofreu sérias modificações estéticas e de conteúdo, resultando em grande desnaturação de sua originalidade. Ter aceso, portanto, a este livro, é como ter em mãos a primeira edição do Horto de 1900, naquilo que de mais precioso, autêntico e original a poetisa compôs, abraçou e guardou para si e para a posteridade. 

Este substancioso e inédito trabalho desenvolvido pelos pesquisadores Carlos Castim e Fábio Fidelis, restaura, pois, não somente a originalidade de toda obra em sua mais legítima autenticidade, como também, resgata de forma valiosa e histórica, todo o pertencimento poético de Auta Souza e o respeito à sua memória. Enriquecido por comentários dos próprios estudiosos e de outros pesquisadores como Câmara Cascudo, reapresenta-se aos caros leitores, o Horto verdadeiro, reflorescido em toda sua pujança e expressão criativa, o Horto que perfuma novamente o ambiente literário de nosso pais, trazendo de volta os poemas originais impregnados pelo suave aroma dos Jasmins, dos lírios e das dálias que emprestaram sentido e beleza aos sonhos poéticos de Auta de Souza.

§ Título: Horto

§ ISBN: 9786588913086

§ Gênero: 1. Poesia; - 2. Poemas originais de Auta de Souza em conformidade com a primeira Edição (1900); - 3. História.

§ Idioma: Português

§ Páginas: 322

§ Ano: 2021

§ Editora: Z Editora

§ Lugar: Natal/RN

§ Sobre o autor: Carlos Santa Rosa d' Albuquerque Castim nasceu em Natal. Formou-se em Direito (UFRN). E pós-graduado em Administração Municipal (IBAM/R). Foi Procurador Geral do Município e secretário interino de Educação de Natal. No Estado, foi Secretário-Adjunto do Gabinete Civil e Secretário da Segurança e Defesa Social. Ensinou Direito Municipal e Legislação Tributária na UNP. Aposentou-se como Procurador. É poeta e compositor.

Fábio Fidelis de Oliveira é Professor da UNI-RN nos cursos de Graduação e Especialização em Direito. Formou-se Especialista em Direito Público e Mestre em Ciências Sociais na UFRN e Doutor em Ciências Histórico-Jurídicas na Universidade de Lisboa. Participou como organizador dos livros Direito, Cultura e Memória: Estudos em homenagem ao Prof. Luís da Câmara Cascudo e Otto de Brito Guerra: Garimpo de Ideias e Reflexões (UNI-RN).