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​Apresentação

Engatilhar a palavra para essa mulher e poeta, e mover não apenas os seus sentimentos e paixões, mas mover engenho e arte para criar uma poesia que tanto revela quanto desvela o mundo que não é apenas leitmotiv para a poesia amorosa, mas que se mostra em sua desumanidade, monstruosidade que a choca e a faz falar a língua dos que ainda se indignam, dos que ainda não se fizeram indiferentes. 

A poesia de Kalina Paiva não se enquadra na literatura "engajada", ativista de grandes pautas; nem por isso, seus poemas deixam de ser um registro poético no qual vozes múltiplas se enredam e entretecem uma visão de mulher, de mãe, de professora, de cidadã brasileira situada em um tempo que a interpela a se posicionar. Dividido em três seções, "Prólogo", "Entre-Guerras", "Barbárie" e "Campos Elisios", com essa nomeação, Kalina já diz a que veio com seu Gatilho Poético. Nada está à toa no livro. Há um fio de Ariadne que liga, tece, junta e faz a palavra fluir de um poema ao outro. 

No fio dos poemas, (des)vela-se não apenas a poeta que sabe estética e literariamente burilar palavra e sentido, mas também a "biblioteca" borgiana ou a "coleção" como diria Canclini, de Kalina Paiva: Circe, Caronte, Campos Eliseos, Sonho, Luas e Lobas e tantas outras referências, são temas e personagens com os quais a poeta dialoga para ressignificá-los e "fazer novos nascimentos".

Que a voz poética de Kalina Paiva ressoe e reverbere em cada leitor(a) como palavra e ato de uma mulher que ousa dizer e mostrar seus abismos, sua jornada, sua verdade, afinal, ainda com Manoel de Barros, muitas são as possibilidades de dizer a verdade, mas só a poesia é verdadeira.

Instagram: @kalinissima