

Pelas mãos da poeta Gilvânia Machado um fio branco da flor de algodão tece poemas sutis e conduz o leitor a nuances múltiplas. Afinal, assim é a vida... não é mesmo? O verso caminha por campos do sertão como pintura emotiva em álbum de fotografias, cheio de lonjuras, que o tempo, ora amigo fiel, ora algoz poderoso, penetra nos labirintos da memória resgatando o antes e o vivido agora. Esse passeio nas brechas do tempo sempre me encanta. Cada poema é uma foto delicada no recôndito da alma. Revela a genealogia, avó, avô, pai, mãe e amores. Ora mergulha em ausências doloridas, como fotos de um painel arrancadas furtivamente num instante de invigilância, ora faz graça com trocadilhos geniais (Rita Lee e Ritalinas que o digam)! O verso é múltiplo e pleno, tal qual a poeta!
Vera Azevedo
Educadora e Poeta
Apresentação
Em cinco seções, a poeta nos conduz entre versos delicados, tal qual a própria Flor de Algodão, que dá nome ao livro. E este mesmo algodão, quando fiado e traçado, pode produzir um tecido de trama forte e densa, assim como é a poesia de Gilvânia Machado, delicada e forte, nas páginas que seguem. A ausência também é tema entre as flores de algodão. Saindo da memória-infância, a poesia de Gilvânia vai além do sentimento de falta da pessoa amada, a palavra também faz-se ausência nas páginas brancas. A leitura flui, e a poeta pede à Poesia que nos salve dos males do mundo, numa inversão de papéis, em que a criadora não existe sem a salvação na criatura: "Ah! Que a Poesia nos ajude e nos salve das asperezas da vida".
Então, os poemas vão ganhando tons de protesto e crítica social, carregados de potência, remetem à luta das mulheres e a nossa capacidade de renascer numa mesma vida, mais fortes e mais corajosas: Pagu, Frida Kahlo, Camille Claudel, Maria Callas, Tarsila do Amaral e Marielle Franco são algumas das personalidades inspiradoras na poesia de Gilvânia Machado, que não dispensa a crítica política ao Brasil de hoje, repudiando a postura e o descaso de muitos ante a morte de milhares nestes tempos pandêmicos: "Quase todos lavam as mãos. / Uns, com água e sabão. / Outros, com sangue. E daí?" Aqui, apenas alguns fragmentos da poesia de Gilvânia Machado. Então, convido o leitor e a leitora a caminhar entre os campos de algodão e sentir o perfume verde e a brisa morna que vem do mar...
Diana Pilatti
autora de Palavras Diáfanas e outros livros
Dimensões da Embalagem:
14,5 x 21 x 1,3 cm
Peso do produto:
0,2 kg