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Apresentação

Corre-se o risco de, no Brasil atual, sermos qualificados de vira-latas caso apontemos o dedo para o real problema do país. E o real problema do país é a cultura. O brasileiro não se reconhece culturalmente. Talvez a nossa miscigenação tenha contribuído para esse desconhecimento. Achamos tão comum a mistura de raças em nossa ​assim já chamada democracia facial, que não pensamos na força e na diferenciação cultural que corre em nosso sangue e em nossa História. 

Nós somos filhos de três continentes. Três culturas, todas distintas entre si, formaram a nossa especificidade única, o que em outros países é ou já foi evitado, aqui tornou-se o nosso lugar de fala. Um lugar de fala, muitas vezes, mudo. Calaram nossa voz. Quiçá, sequer permitiram-nos vocabulário para expressar-nos. Empobreceram a cultura brasileira, denegriram-na e o mar sem sim em que nascemos foi apequenado em igarapé. Porém nossa nau já avista o Pico do Cabugi, retornamos para casa. Durante décadas, fomos ensinados a odiar nossas origens e a sentir desprezo pela herança cultural superior que forma nossa mais importante História. 

Nós somos a posteridade do maior de todos os impérios. Nós somos filhos do mar sem fim, colonizadores natos e poderosos. E pelo mito, nós estamos ligados a Odisseu. Nós somos parte do corpo morto de Deus. vivo e desnudo. Esse retorno para casa não é uma tarefa fácil e rápida. 131 anos de descaso com formação do povo brasileiro , onde derrubaram a coroa de nossa civilização, não poderão ser recuperados do dia para a noite. A destruição de nosso orgulho, ora perpetrado por militares, ora por políticos, ora por intelectuais, ora por artistas, acarretou o silenciamento da alma brasileira. 

Contudo, o silenciamento e o apagamento terminaram. Agora nós podemos cantar nosso fado, que do fundo de nossa alma ressoa melancólico e sedento de visões das grandes conquistas e navegações de outrora: o nosso espírito voltou a navegar o mar sem fim! Em nossas mãos, temos o martelo. Desçamos o martelo com força sobre as cabeças dos que falsearam a identidade do Brasil. O canto do martelo será nossa dança festiva em nossa nau, martelando para restaurar o peso e o valor imperial de nossa História. 

Que este livro possa ser lido e abraçado por aqueles que lamentam a atual situação cultural do povo brasileiro. Que possa ser acolhido por aqueles que são veementemente contra a miséria cultural em que atolaram o país. Porque apenas através de uma revolução cultural, o Brasil terá futuro.

Alexsandro Alves​

23 de dezembro de 2020​

§ Título: Estética, Política & Conservadorismo

§ ISBN: 9786500354690

§ Gênero: 1. Cultura; - 2. Estética; - 3. Política; - 4. Sociologia; - 5. Semana da Arte Moderna.

§ Idioma: Português

§ Páginas: 156

§ Ano: 2022

§ Editora: Feedback

§ Lugar: Natal/RN

§ Sobre o autor: Alexsandro Alves nasceu na quarta-feira do dia 22 de janeiro de 1975, às 22:45, sob a luz azul quarto crescente da Lua, na capital potiguar. Do útero ao mundo, passou um tempo em Recife, cidade que permanece em suas memórias da infância. Aos 14 anos retorna a Natal, mora no bairro do Alecrim e, durante o ano de 1990, reside em Riachuelo, cidade de suas raízes familiares, retornando a Natal no ano seguinte, em definitivo. Gradua-se em Ciências Sociais pela UFRN e sua paixão pelo teatro e pela ópera o leva a cursar o mestrado do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da mesma instituição. 

É professor de sociologia da rede estadual, protetor dos animais, apreciador de música erudita, sobretudo amante do drama musical wagneriano, do soneto, da poesia simbolista e parnasiana. Como escritor, também dedica-se à poesia: vencedor do Concurso Internacional de Trovas de Costa do Marfim - 2020, tem poemas publicados em coletâneas como "O dia em que a Terra quase parou", pela SPVA/RN, Prêmio Off Flip 2021 - Poesia.